quando eu tinha talvez quatro, cinco anos, e a minha irmã ainda não tinha nascido, e os meus pais ainda faziam férias, estávamos na praia de espinho, para a qual íamos quase todos os anos sem exceção, e eu fiquei doente.
Fiquei sem palavras... Este texto vai ficar durante muito tempo comigo. Adorei a reviravolta que deu a certa altura. Transmites tantas emoção e dor, e é tão lindo, e tão triste, mais belo na sua dor. Já tinha sentido isto em textos anteriores teus, mas ler-te é um prazer, porque há verdade na tua escrita.
Oh, Adriana! Os teus comentários são sempre tão encorajadores e positivos, tenho mesmo muito, muito a agradecer-te! Fico lisonjeada que no meio dessa dor encontres beleza e algo bom a que te agarrares. Tenho a certeza que também tem esse efeito em ti porque tens uma sensibilidade e capacidade de perceção super elevadas :) Muito, muito obrigada por continuares a acompanhar. Um beijinho grande!
Sempre chorei muito e felizmente os meus pais sempre me deixaram chorar, nunca me fizeram sentir como se os tivesse a incomodar ou como se não tivesse direito. A minha mãe diz, sem maldade, apenas como constatação que sou “incontinente dos olhos”. E de facto cresci a sentir-me muito emocional, emocionalmente desregulada talvez, e embora isso me traga dissabores amiúde, sinto-me grata pela familiaridade que tenho com a vulnerabilidade. Faz-me sentir mais corajosa do que os outros porque choro por tudo e por nada em todo o lado e isso obriga-me a não ter vergonha. Espero que um dia também te sintas mais à vontade com a vontade de chorar, porque acredito que chorar seja uma forma de exorcizarmos as nossas dores, mesmo quando, e especialmente quando, não sabemos quais.
Raquel, muito obrigada pelo comentário, gostei muito de ler e de me sentir aconchegada por essas palavras. Felizmente, ter crescido com um lado da família a tentar parar-me o choro não resultou; à semelhança do rótulo que a tua mãe te atribuiu, também me foram dados outros semelhantes, e eu chorar muito é um facto conhecido por quase todos os que me conhecem. Por outro lado, acho que essa vulnerabilidade e lado emotivo que sempre tive foram reprimidos durante alguns anos, por mim mesma talvez, até serem incorporados na sua totalidade à medida que ia aprendendo com anos finais da minha década dos 20s. Além disso, sempre sofri um pouco de síndrome de impostor do que diz respeito ao sofrimento -- demora a aceitar que tenho "direito" de me "queixar" ou "estar mal". Essa crença tem sido um bocadinho mais difícil de desconstruir, mas aos pouquinhos vamos lá. Quanto ao choro enquanto expressão de coragem e vulnerabilidade (que, para mim, é a derradeira prova de inteligência emocional, entrega e amor pelos outros), concordo totalmente contigo! Estamos juntas! :)
Fico feliz por saber que as minhas palavras te ofereceram algum conforto. Sobre a síndrome de impostor de que falas, de vez em quando também me ataca, sobretudo porque tenho noção de que há sofrimento maior do que o meu no mundo, mas tento lembrar-me que o sofrimento dos outros não diminui o meu; pode ser menos ou poucochinho quando comparado, mas existe e deve ser reconhecido, porque só resolvemos aquilo que reconhecemos, como se costuma dizer.
Exato, muitas das vezes é precisamente esse pensamento que potencia o síndrome de impostor e dificulta criar um espacinho para poder sentir a tristeza sem me desculpar ou preocupar se é válida ou não. Mas é exatamente o que dizes - não há comparação entre dores, cada uma pertence àquele que as tem. Nunca tinha ouvido a última frase, mas é perfeita e vou adotar, obrigada!
Fazes-me sempre ver coisas que nunca vi antes e perceber coisas que nunca tinha percebido. Essa dificuldade com as crianças pela dificuldade que sentes com a tua infância, nunca tinha visto por escrito ou dito por ninguém.
É assustador também pensar na possibilidade de perder alguém. Por detrás dos risos e das caras chocadas da hora do chá tive medo de me ter aproximado de te perder sem saber. Adoro-te e as tuas palavras 🧡
Parte tudo da ideia de que eu tenho de que se não soubeste ser algo - filha, criança - ficaste um bocadinho pendurada no tempo; mais tarde apercebes-te de que esperaste uma vida inteira para o aprender e ainda não compreendes como se faz. E talvez dê para ainda aprender, talvez não.
Quando escrevo tudo o que escrevo sei que tu vais ler e por isso sei que alguém vai entender o que quis expressar, sei que há alguém tão dedicado como tu que vai saber: "eu sei o que isto é", e por isso contigo estou menos sozinha. Pelo meio do chá e do stand-up, e das piadas, eu também tive muito medo, por fim tive medo, porque me apercebi do que se pode perder num instante - vocês, ali naquela mesa. Adoro-te muito 🩷
Fiquei sem palavras... Este texto vai ficar durante muito tempo comigo. Adorei a reviravolta que deu a certa altura. Transmites tantas emoção e dor, e é tão lindo, e tão triste, mais belo na sua dor. Já tinha sentido isto em textos anteriores teus, mas ler-te é um prazer, porque há verdade na tua escrita.
Oh, Adriana! Os teus comentários são sempre tão encorajadores e positivos, tenho mesmo muito, muito a agradecer-te! Fico lisonjeada que no meio dessa dor encontres beleza e algo bom a que te agarrares. Tenho a certeza que também tem esse efeito em ti porque tens uma sensibilidade e capacidade de perceção super elevadas :) Muito, muito obrigada por continuares a acompanhar. Um beijinho grande!
Sempre chorei muito e felizmente os meus pais sempre me deixaram chorar, nunca me fizeram sentir como se os tivesse a incomodar ou como se não tivesse direito. A minha mãe diz, sem maldade, apenas como constatação que sou “incontinente dos olhos”. E de facto cresci a sentir-me muito emocional, emocionalmente desregulada talvez, e embora isso me traga dissabores amiúde, sinto-me grata pela familiaridade que tenho com a vulnerabilidade. Faz-me sentir mais corajosa do que os outros porque choro por tudo e por nada em todo o lado e isso obriga-me a não ter vergonha. Espero que um dia também te sintas mais à vontade com a vontade de chorar, porque acredito que chorar seja uma forma de exorcizarmos as nossas dores, mesmo quando, e especialmente quando, não sabemos quais.
Raquel, muito obrigada pelo comentário, gostei muito de ler e de me sentir aconchegada por essas palavras. Felizmente, ter crescido com um lado da família a tentar parar-me o choro não resultou; à semelhança do rótulo que a tua mãe te atribuiu, também me foram dados outros semelhantes, e eu chorar muito é um facto conhecido por quase todos os que me conhecem. Por outro lado, acho que essa vulnerabilidade e lado emotivo que sempre tive foram reprimidos durante alguns anos, por mim mesma talvez, até serem incorporados na sua totalidade à medida que ia aprendendo com anos finais da minha década dos 20s. Além disso, sempre sofri um pouco de síndrome de impostor do que diz respeito ao sofrimento -- demora a aceitar que tenho "direito" de me "queixar" ou "estar mal". Essa crença tem sido um bocadinho mais difícil de desconstruir, mas aos pouquinhos vamos lá. Quanto ao choro enquanto expressão de coragem e vulnerabilidade (que, para mim, é a derradeira prova de inteligência emocional, entrega e amor pelos outros), concordo totalmente contigo! Estamos juntas! :)
Fico feliz por saber que as minhas palavras te ofereceram algum conforto. Sobre a síndrome de impostor de que falas, de vez em quando também me ataca, sobretudo porque tenho noção de que há sofrimento maior do que o meu no mundo, mas tento lembrar-me que o sofrimento dos outros não diminui o meu; pode ser menos ou poucochinho quando comparado, mas existe e deve ser reconhecido, porque só resolvemos aquilo que reconhecemos, como se costuma dizer.
Exato, muitas das vezes é precisamente esse pensamento que potencia o síndrome de impostor e dificulta criar um espacinho para poder sentir a tristeza sem me desculpar ou preocupar se é válida ou não. Mas é exatamente o que dizes - não há comparação entre dores, cada uma pertence àquele que as tem. Nunca tinha ouvido a última frase, mas é perfeita e vou adotar, obrigada!
Fazes-me sempre ver coisas que nunca vi antes e perceber coisas que nunca tinha percebido. Essa dificuldade com as crianças pela dificuldade que sentes com a tua infância, nunca tinha visto por escrito ou dito por ninguém.
É assustador também pensar na possibilidade de perder alguém. Por detrás dos risos e das caras chocadas da hora do chá tive medo de me ter aproximado de te perder sem saber. Adoro-te e as tuas palavras 🧡
Parte tudo da ideia de que eu tenho de que se não soubeste ser algo - filha, criança - ficaste um bocadinho pendurada no tempo; mais tarde apercebes-te de que esperaste uma vida inteira para o aprender e ainda não compreendes como se faz. E talvez dê para ainda aprender, talvez não.
Quando escrevo tudo o que escrevo sei que tu vais ler e por isso sei que alguém vai entender o que quis expressar, sei que há alguém tão dedicado como tu que vai saber: "eu sei o que isto é", e por isso contigo estou menos sozinha. Pelo meio do chá e do stand-up, e das piadas, eu também tive muito medo, por fim tive medo, porque me apercebi do que se pode perder num instante - vocês, ali naquela mesa. Adoro-te muito 🩷
Finalmente estás a focar-te no que TU sentes. Chora muito amiga ❤️
demorou um bocadinho mas faz parte do processo - obrigada por estares em todas as fases ❤️